05 julho, 2007

 

Londres e Paris _ Parte 2

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No texto abaixo eu citei alguns problemas que me deixaram indecisa sobre ir à França ou não, mas faltou um dos principais: eu não falo francês. Nadinha. Para vocês terem uma idéia, eu havia comprado um livro em francês que achei a cara da Vânia (que fala francês), mas, quando cheguei na agência de correios, com livro já dentro de um envelope com o endereço dela, bateu aquela dúvida: “será que este livro está mesmo escrito em francês?” Tive que anexar um bilhetinho: “ Vânia, se a língua não for o francês, pelo menos tem umas figuras bem bonitas!”

Nestas condições, a idéia de ir à França sozinha me deixava com medo. Ainda bem que pude contar com a hospitalidade de uma freira que era a “chefa” da casa onde passei o fim de semana. Para preservar nomes, vou chamá-la aqui de “freirinha”. A freirinha é uma das criaturas mais amáveis que já conheci. Ela fala um pouco de português, mas, quando cheguei, veio me cumprimentar em francês. Fui pescando algumas palavras-chave nas perguntas dela, como “voyage” e não foi difícil deduzir que ela estava perguntando se eu havia feito uma boa viagem. Respondi com um portunhol horroroso: “Si, si, mui buena”. Portunhol, na França? Pois é. Gente, vocês não tem noção do que é ficar trocando de língua assim, meu cérebro dava “tilt”. Acho que meu cérebro sabia que aquela língua não era inglês nem português, então jogava o raciocínio para o que sobrou da parte lingüística, que era o portunhol. E a freirinha ainda conseguiu elogiar: “olhem, ela entendeu, ela entendeu!”

Ao longo do dia pude usar mais vezes meu portunhol. Em um restaurante com a minha tia, fui lavar as mãos e apareceu uma senhora querendo usar o banheiro (a parte do biombo com o vaso sanitário), mas já havia alguém lá dentro. A senhora insistia, pensando que o problema fosse na fechadura. Tentei explicar em inglês que havia alguém ali. Nada. Tentei em portunhol: nada. Aí, desencanada, falei em português mesmo: “ocupado”. E a senhora responde: “aaaaaaaah, “ocupê”!” e vai embora.

Á noite, como eu já estava arriscando alguns “merci”, a freirinha me ensinou a falar “cereja”. Depois de muitas tentativas frustradas, inventei uma estratégia assim: imagino um quadro negro com a letra “o” escrita e deixo sair da boca o som da letra “e”. Se isto era para um som de uma palavra, vocês conseguem imaginar a minha dificuldade para falar uma frase inteira?

Depois de duas noites dormindo (ou tentando dormir) em ônibus, finalmente dormi na cama. No dia seguinte, confiante no meu cérebro descansado, cheguei à cozinha, enchi os pulmões e cumprimentei as freiras: “bon giorno!” Elas olharam umas para as outras, algumas deram uma risadinha e responderam “bon jour, bom jour!”

No domingo à noite, quando estava validando os bilhetes para minha viagem de volta a Londres, meu cérebro já tinha desistido desta brincadeira. O moço do guichê perguntou quantas bagagens eu tinha e prontamente respondi “” (dois em francês, não lembro como é que se escreve...). Saindo da fila, percebi que eu havia entendido a pergunta dele... mas, afinal, ele perguntou em inglês ou em francês? Xapralá. Já estava voltando ao Reino Unido mesmo...


Continua...

(Obs: não reparem, a mamãe atarefada não teve tempo de conferir a grafia das palavras estranhas)

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01 julho, 2007

 

Londres e Paris (Parte 1 de 4)



Gente, ser mãe é bom mas dá um trabalho! Faz 1 ano que estou prometendo contar aqui sobre as minhas últimas viagens do outro lado do Atlântico, mas só agora tive uma folguinha. Bom, vamos lá...

Eu já tinha desistido de ultrapassar as fronteiras da Escócia, porque o dinheiro era curto, o trabalho era muito e há lugares encantadores que eu ainda não havia visitado dentro do país. Mas naquela época uma tia minha, que é freira, estava morando na França e surgiu a oportunidade de eu visitá-la e ficar hospedada na casa das irmãs, em Paris. Para colaborar com a minha viagem, o mês de maio é cheio de feriados na Escócia, então pude programar uma viagem relâmpago, de sexta a segunda. Fiquei horas na rodoviária de Edimburgo tentando ver melhores horários e preços e decidi viajar à noite para economizar hospedagem. Gente, não recomendo a ninguém, é horrível! Saí de Edimburgo na quinta-feira à noite, em um ônibus super desconfortável, com uma mulher que de hora em hora acendia as luzes do corredor para gritar “chá, sopa, água, café! Alguém? Alguém?” Eu tinha vontade de perguntar “filha, se eu comprar um chá você fecha a boca?”

Cheguei em “Victoria Station” parecendo um zumbi, de tanto sono! Pequei um daqueles ônibus para turistas, que ficam dando voltas pela cidade e anotei os lugares que queria conhecer. Passeei de barco pelo Rio Tamisa, mas, não vi graça na coisa. Seguindo a sugestão da Gisa, fui à Rua Baker, na “Casa de Sherlock Holmes” e tirei foto com cachimbo na boca e boina. É uma espécie de museu, com objetos da época em que os livros foram escritos e vários bonecos. Acho que já comentei aqui o quanto os britânicos são bons em fazer museus e bonecos. É muito legal! Para quem puder, vale a pena visitar.

Dei mais umas voltas pelo ônibus de turismo e voltei para a rodoviária, desta vez para embarcar rumo a Paris. Desta vez não tínhamos garçonete a bordo, mas quando comecei a pegar no sono tive que acordar na marra de descer do ônibus. O ônibus entra no “ferry boat” para fazer a parte do trajeto na água, e, por motivo de segurança, os passageiros têm que desembarcar e ir para a parte de cima do “ferry boat” até ouvirem o aviso para voltar. Mais uma noite sem dormir!

Continua...


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12 março, 2007

 

Um parto

(Atenção, se você é uma “mother to be”, peça a seu marido para ler e contar uma versão adaptada, ok?)



Era madrugada, acordamos com um trovão e Z foi ao banheiro. Quando ele voltou, eu estava em pé olhando uns pinguinhos caindo no chão:

_ Será que a bolsa rompeu?
_ Bom, terça-feira de carnaval, de madrugada, com uma tempestade caindo lá fora... só falta mesmo a bolsa romper!

Em seguida entrei no box, comecei a dar risada com outra gracinha dele, e, aí sim, o líquido jorrou tivemos certeza de que era da bolsa.

Fomos para a maternidade, Z visivelmente nervoso e eu tentando criar uma atmosfera de paz, tranqüilidade e serenidade para o nascimento do meu filho. Este empenho e o fato de ainda não estar sentindo dor foram fundamentais para fazer o caminho até a maternidade com calma, conversar com a secretária, preencher milhares de cadastros, tentar acalmar o marido, pedir e insistir para que chamassem o médico que fez meu pré-natal e esperar longamente por alguém para me atender.

Parece que foi até sincronizado, assim que me internaram em um quarto comecei a sentir “as dores”. No início a sensação era de ter tomado um laxante poderoso depois de uma semana de prisão de ventre. “Rá”, pensei, “se a dor é essa eu encaro!”.

Algum tempo depois eu já tinha esquecido essa papagaiada toda de clima de tranqüilidade e só queria que a cabeça do menino saísse logo. Já tinha rolado pela cama procurando sem sucesso uma posição que abrandasse as dores, e, quando meu médico finalmente chegou, só deu tempo de pedir para o Z: “tampa a minha bunda, tampa a minha bunda”. Eu estava com uma daquelas camisolinhas de hospital, ajoelhada na cama com a bunda para cima e a cabeça apoiada no travesseiro. Aliás, acho que se meu marido não desistiu de mim naquele momento não desiste mais!

Aleluia, eu estava com 7 cm de dilatação e poderia finalmente tomar a tal da anestesia para o parto normal. Fui para a sala de parto e meu médico chegou rindo, contando que meu marido estava tão nervoso que tinha perdido a aliança no vestiário. Depois Z contou que já estava todo vestido com touquinha, avental, aquela coisa toda e não achava a aliança, então agachou e começou a andar como um sapo pelo vestiário, para procurar embaixo dos armários sem sujar a roupa.

Enquanto isso, na sala de justiç... quero dizer, na sala de parto, as enfermeiras desligando o ar condicionado pensando que eu estava com frio (na verdade estava um calorão daqueles), porque eu tremia muito. Não era frio, não sei explicar. Provavelmente medo mesmo!

Chegou o pediatra, conversando animadamente com o anestesista sobre Beth Carvalho e a Mangueira e perguntando cadê o equipamento. “Hã?” “É, o equipamento! Não vão filmar, fotografar, nada?” Z mostrou que ainda tinha juízo e respondeu que eu não queria. O pediatra, “anos de experiência”, respondeu apontando para o obstetra: “não filha, a gente não vai tirar fotos daquele ângulo, pode ficar tranqüila”. Foi assim que Z garantiu as fotos do nascimento!

Demorou um pouco para a anestesia fazer efeito. Perguntaram se eu estava sentindo algum formigamento, mas na verdade só fui sentir o tal do formigamento quando o bebê já estava saindo. O anestesista repetindo no meu ouvido “faz força de fazer cocô, faz força de fazer cocô” e eu pensando “meu filho, bem se vê que você é homem, a força aqui está em outra escala!”.

Nasceu! Papai feliz, médicos felizes, mamãe anestesiada. Eu só lembrava de uma amiga minha, contando que, quando deram a anestesia no parto dela, ela olhava para os médicos e enfermeiras e dizia “eu quero dar um beijo na boca de todos vocês!”

P.S.: Os direitos autorais desta fofura e da foto desta fofura são todos meus!

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25 janeiro, 2007

 

Parabéns ???

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Ah é, hoje é aniversário da cidade de SP.
Lembro de um feriado por aqui em que estavam comemorando algo do qual eu nunca tinha ouvido falar, em uma data que nunca foi feriado em Minas. Comentei com meu marido, que não é paulista nem mineiro mas (ou por isso mesmo) estudou história direitinho:

_ É claro, estão comemorando a vitória de São Paulo sobre Minas!

Ele se referia a uma daquelas guerras idiotas, estilo "café com leite". ("Idiota" não por Minas ter perdido, mas porque acho as guerras idiotas mesmo)

Mas sobre o aniversário da cidade de São Paulo, o que eu já ouvi de mais interessante foi uma resposta da Rita Lee a uma repórter, alguns anos atrás. A pergunta "o que é que São Paulo tem?" foi feita a vários famosos, seguida daquelas frases batidas sobre ser cosmopolita, etc e tal. Com exceção da originalidade da Rita Lee:

"São Paulo tem um rio cheio de cocô"

Não só por eu (tentar) trabalhar com qualidade da água, mas por todas as implicações desta frase (a superpopulação, a poluição, o descaso político, o uso político do tema para campanhas desonrosas diversas, a propaganda negativa (a primeira coisa que vem à sua cabeça a respeito de SP é boa ou ruim?), etc, etc), adorei!

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13 janeiro, 2007

 

MARACUJÁ DO CE

_ Olha, Z, estão vendendo maracujá do Ceará ali na esquina.
_ Não, menina, é "maracujá doce"!

Ah, fina flor do Lácio!

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Comédias da vida de casada

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Adolescência

_ Oi
_ Oi, eu precisava conversar com você... é que eu não quero mais namorar....
_ Ah... tá... (Puxa, eu pensei que estivesse tudo indo bem, ele nunca reclamou de nada... e nem deu sinais de que algo não estava bom, só diz assim de repente que não quer mais, logo agora que estou numa fase cheia de problemas, me aparece mais este....)
_ ...
_ É... aconteceu alguma coisa?
_ Não, estou precisando de um tempo pra mim...
_Tá certo... tá (não vou me rastejar aos pés dele como se fosse o único homem no mundo, é o que faltava... depois eu encontro outra pessoa!)
_ Então tchau.
_Tchau.
_ (Hum... por que será que esta explicação me parece fraquinha?)




Na vida de adulta, dona de casa, esposa, (quase) mãe, etc, etc:

_ Alô?
_ Alô, aqui é a Flaviane, estou ligando para avisar que eu não vou mais fazer faxina na sua casa...
_ Ah, tá bom. (Puxa, eu pensei que estivesse tudo indo bem, ela nunca reclamou de nada... e nem avisa antes, diz assim de repente que não vem mais, logo agora que estou precisando tanto de alguém para ajudar....)
_ ...
_ Aconteceu alguma coisa?
_ Não, é que meu marido quer que eu fique mais tempo em casa...
_ Ah, então tá (não vou me rastejar aos pés dela como se fosse a única faxineira do mundo, é o que faltava... depois eu arrumo outra!)
_ Então tchau.
_Tchau.
_ (Hum... por que será que esta explicação não me convence?)

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17 outubro, 2006

 

Abaeté


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06 outubro, 2006

 

Doce e azedo

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"Luuuuuuu, que pé branco é esse?"
(Hahaha, esse é o meu marido, descobrindo até hoje os "estragos" da Escócia)

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Vendo TV hoje de manhã, paro em um canal com um repórter entrevistando vizinhos de um dos pilotos do Legacy. Um dos vizinhos disse que não entende por que os pilotos "estadunidenses" estão impedidos de sair do Brasil. Gente, eles são suspeitos de matar 154 pessoas! O que é que o tiozinho não entende, pelamor? E acabo de ler que "Condoleeza pode entrar no lobby para liberar pilotos". Ah, não sirvo pra essas coisas! Como isso me irrita!

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